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Futebol, economia e racionalidade

Por: DEVANILDO DAMIÃO
devanildo@gmail.com


Em tempos de Copa do Mundo, somos tentados a “palpitar” sobre futebol, e a análise ganha tentáculos em campos da sociologia (trabalho em grupo) e também da psicologia (estudo do indivíduo).

Nesta semana, ganhou repercussão a postura do capitão da seleção, que, num momento crítico (cobrança de pênaltis), adotou o isolamento como estratégia, solicitando não participar das cobranças.

Este fato, desencadeou uma série de relações e ilações sobre o motivo desse comportamento e sobre o acerto da decisão. Logicamente, a conversa envolveu elementos psicológicos (estudo do eu) e os efeitos sobre o grupo (estudo dos efeitos sociais).

Ficou nítido que a postura não foi a ideal, sob o prisma da liderança, agravada pelo fato de o jogador ser o capitão da equipe.

O mínimo que se espera do capitão é que ele atue nos momentos críticos e sempre ponha o interesse coletivo acima das opções individuais.

A atitude defensiva do jogador não teve nenhum efeito benéfico sobre o grupo, justapondo incertezas e insegurança, que poderiam tomar conta de todos.

Fica aberta uma miríade de possíveis causas: medo de ser responsabilizado, fim de um sonho, falta de confiança e/ou excessiva responsabilidade. Tudo isso compôs um corpo de elementos que foi formado com base em percepções, sendo que a maioria delas não se evidenciaram como verdadeiras, mas ganharam notoriedade e enviesaram o pensamento comum.

Na economia, a incerteza é o grande combustível dos processos inflacionários, que são formados por expectativas de aumento de preços e indexações, gerando um clima de desconfiança geral no qual a proteção é a antecipação do ganho.

Não faz muito tempo, um dos investimentos mais procurados tinha o sugestivo nome de overnight, trazendo para os investidores uma sensação de esperteza, de não “dormir no ponto” e sempre obter ganhos maiores.

Esse processo perdurou por muito tempo no Brasil, e somente conseguiu-se alívio quando, inteligentemente, foi desenvolvido um indexador oficial da moeda com característica de ser temporal, amplamente divulgado e de mobilidade controlada.

Estes aspectos diminuíram a irracionalidade dos agentes econômicos, os quais começaram a desenvolver as projeções com variáveis oficiais e confiáveis, diminuindo o risco de erro nas estimativas.

Meu filho perguntaria: qual a moral da história? Destacaria dois fatores principais. As lideranças devem continuamente procurar informações objetivas e serem críticas sobre o senso comum (a verdade tem pernas longas).

O outro fator é que as lideranças e as fontes oficiais têm grande responsabilidade sobre a veracidade de informações. São inadmissíveis informações “meio” verdadeiras e tendenciosas, que são o grande combustível para os especuladores, como a experiência argentina comprovou.

Devanildo Damião é doutor em gestão tecnológica (USP); pesquisador do Núcleo PGT /USP; coordenador do Núcleo Acadêmico da Agende e coordenador de pós-graduação (MBA) em inovação tecnológica no Centro Universitário Padre Anchieta, em Jundiaí. Escreve às quartas.




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