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Vírus, bactérias e conhecimento

Devanildo Damião – devanildo@gmail.com

O que é um ser vivo? Esta questão causa discussões nas diferentes áreas do conhecimento. No âmbito da biologia cognitiva, o ser vivo é aquele que possui condições de aprender; para tal, deve ter ciência de si (reconhecimento), em si (ambiente) e para si (objetivos).

Essa definição possibilita enquadrar as bactérias como seres vivos. São organismos compostos por uma única célula, completa e autônoma, oferecendo todas as condições para viver: genoma e estruturas celulares que produzem proteínas, abastecendo-as com energia. Esses organismos têm um metabolismo próprio e se multiplicam ao se dividir. Têm cerca de 1 mícron (ou seja, um milímetro dividido por mil).

O conhecimento a elas atribuido é justificado no fato de que determinadas drogas contrárias à vida (antibióticos) deixam de fazer efeito com o passar do tempo, tornando-se inócuas no tratamento de determinadas doenças.

A dedução simples é que as bactérias aprenderam a lidar com o inimigo e perpetuam este conhecimento para as futuras gerações.

Ao mesmo tempo, não se pode negar a importância das bactérias para a nossa vida. Por exemplo, no sistema digestivo existem milhões delas, permitindo processar a energia necessária para o organismo.

No que diz respeito aos vírus, eles são menores do que as bactérias e não têm estruturas celulares que produzem energia, proteína ou possibilitam a multiplicação. Mas, para o nosso azar, eles são estratégicos.Atuam para assumir o controle de outros organismos, pois não são células, mas partículas infecciosas, e são compostos, na sua grande maioria, por moléculas de ácido nucleico, envoltas numa camada proteica.

As doenças oriundas de vírus normalmente são controladas por vacinas que utilizam vírus inativos para que o corpo seja estimulado a produzir anticorpos. Ou seja, o próprio organismo irá coodenar o processo de cura e resistência da anomalia, visto que os mesmos não podem ser eliminados diretamente.

Confundi-los causa um grande transtorno para a saúde no mundo, devido à prescrição de maneira incorreta de antibióticos.

Esse fluxo permite que as bactérias aprendam a lidar com o inimigo e posteriormente sejam imunes aos medicamentos prescritos.

A perniciosa cultura das viroses, na qual alguns médicos usam e abusam do direito de prescrever antibióticos para tudo, no médio e longo prazo vai prejudicar o sistema imunológico das pessoas.

Essa cultura atinje a população de forma geral, que vê no antibiótico a resposta para todos os males. Na prática, essa ação oferece cursos intensivos para que as bactérias aprendam a lidar com os inimigos.

Os números são alarmantes. O consumo de antibióticos foi de US$ 40 bilhões no mundo e de US$ 1 bilhão no Brasil (2013). Para não perder a batalha, torna-se urgente reconhecer que o conhecimento não é atributo exclusivo dos homens e tratar o nosso organismo de forma sistêmica e inteligente.

Devanildo Damião é mestre e doutor em gestão tecnológica – USP; coordenador do Núcleo PGT-USP e Coordenador Especial Técnico Científico da AGENDE Guarulhos





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