“País tem enorme potencial para produzir softwares”
Estava conversando com alguns amigos e comentei que o Brasil tem um grande potencial para a fabricação de softwares, visto que na essência esse processo legitimiza a conversão de conhecimentos tácitos em conhecimentos explícitos. Na ocasião fui contestado por um dos presentes, o qual insistia na afirmativa de que o Brasil não tinha condições de produzir softwares, pois o processo era muito caro.
Rapidamente, percebi que ele tinha confundido a fabricação de chips (tangível) com software (intangível), concordei que o Brasil infelizmente não tem uma produção de chips (semicondutores) de acordo com o seu mercado, (possuímos somente uma fabricante em Porto Alegre) e perdeu na década passada uma grande oportunidade de sediar uma fábrica da INTEL que se instalou na Costa Rica.
A fabricação de semicondutores exige conhecimentos, processo maduro, profissionais especializados e grande aporte de capital. A matéria-prima básica é o Silício e uma fábrica custa cerca de R$ 5 bilhões. Essa necessidade de grande aporte de capital e necessidade de larga escala, limitam os investimentos, e as empresas que dominam esse mercado tornam-se fornecedores em escala mundial.
Todavia, no nível macroeconômico, não se pode ignorar que esses componentes geram um grande déficit na balança comercial, que tende a aumentar. Decerto, considerando, o conceito de tecnologia embarcada, nas quais diferentes produtos necessitam de semicondutores para desenvolver eletronicamente as suas funções.
Nesse contexto, há alguns dias atrás, comentei neste espaço, sobre as propriedades superiores do material Grafeno em relação ao Silício e as inúmeras oportunidades advindas da sua exploração futura. Aproveito agora, para falar um pouco sobre a utilização de material orgânico nos microchips de computador. A IBM por meio dos seus renomados centros de pesquisa conseguiu criar um transistor feito a partir de uma combinação de materiais semicondutores, inorgânicos e orgânicos. Essa novidade fertilizou a cabeça de muitos pesquisadores que já começaram a sonhar em utilizar chips orgânicos em telefones celulares, notebooks e jornais eletrônicos.
O Brasil pode a partir dessa tecnologia, conhecida como eletrônica orgânica (substitui na fabricação dos componentes, o Silício por compostos de carbono como Flúor e o Enxofre) inserir-se como um importante participante deste cenário. O fator preponderante é a escala de investimentos, visto que pensando nessa nova tecnologia o custo para uma nova fábrica é de cerca de R$ 170 mil.
É certo que a fabricação de chips tende a aumentar e que o domínio desse mercado em escala nacional é importante para o nosso País, cabe agora, definir políticas e optar por caminhos que diminuam a nossa dependência externa.