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Desdobramentos da nova crise americana

“Insegurança e risco são os ingredientes fundamentais para diminuir a oferta e aumentar os juros”

 Dr. Devanildo Damião
• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico da AGENDE - Agência de Desenvolvimento de Guarulhos

    O primeiro aspecto a ser destacado é que os americanos estão gastando mais do que deveriam, visto que a arrecadação por meio de impostos está bem aquém dos gastos, assim, o saldo negativo vai se acentuando e o déficit anual atingiu um recorde, calculado em cerca de US$ 1,5 trilhão (R$ 2,3 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro. Existe uma relação direta entre endividamento e déficit. Nos Estados Unidos é fixado em lei e já atingiu seu limite legal de endividamento público no último dia 16 de maio – de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,3 trilhões). A Casa Branca tem um teto legal para a tomada de empréstimos para o pagamento das contas públicas, como o salário dos militares, os juros de dívidas prévias e o sistema de saúde Medicare, cujo limite atual é de US$ 14,3 trilhões (R$ 22,3 trilhões).Esse valor representa praticamente todas as riquezas produzidas num ano, ou seja, o PIB (Produto Interno Bruto). Para se ter uma ideia de grandeza cabe ressaltar que o PIB do Brasil é um décimo desse valor. Então, surge a dúvida, o que o governo americano quer de fato? Na essência ele precisa de mais tempo para administrar o déficit, sem incorrer na suspensão de pagamentos. Assim, o acordo entre o governo democrata e a oposição republicana prevê redução do déficit público da ordem de US$ 2,4 trilhão (R$ 3,7 trilhões) em dez anos.Na seara política existe divergências, todavia, há uma forte convergência na necessidade de diminuir o déficit das contas públicas. Em linhas gerais os republicanos se opõem ao aumento de impostos e pedem um corte dramático nos gastos do governo, curiosamente, foram eles que deterioraram as contas públicas no governo Bush, o qual não se notabilizou pela severidade fiscal. Os democratas, por sua vez, defendem taxação de fortunas e a blindagem de programas sociais voltados a idosos e mais pobres dos cortes propostos, querem aumentar impostos e não querem diminuir o valor a ser arrecadado. E as consequências? Na hipótese ainda remota, de não conseguir aumentar o seu endividamento, o governo não conseguirá saldar diversas dívidas, assim os credores não terão segurança em relação aos seus ativos relacionados aos americanos e simultaneamente aumentará o risco de calote em escala mundial, pois os EUA compram de todo mundo. Quando o risco de calote aumenta a propensão a novos investimentos se retrai, buscando zonas de maior conforto. O Brasil, apesar de forte, ainda não está imune às oscilações da economia americana e torce para que a crise se resolva rapidamente.




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