"Como adensar a base científica e tecnológica numa cidade do porte de Guarulhos?"
Dr. Devanildo Damião
• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico da AGENDE - Agência de Desenvolvimento de
Guarulhos
No lançamento da revista “Análise Guarulhos”, na última semana no Paço Municipal, o debate foi positivo. Comento aqui alguns pontos.
A partir da apresentação sobre o Parque Tecnológico de Itaipu, discutiu-se o papel da academia nos modelos de parques tecnológicos.
Na literatura clássica, esses ambientes de inovação surgiram com a ideia de transformar o conhecimento existente na academia em riqueza, por meio de articulação com o tecido empresarial. Assim, o desafio foi desenvolver mecanismos efetivos de integração entre esses atores.
Dado o sucesso desse modelo, esses modelos começaram a ser encarados como respostas públicas a vários problemas, inserindo-se como uma política de desenvolvimento local.
Todavia, em países como o Brasil, a estrutura pública é bastante complexa. As decisões de desenvolvimento educacional e científico, por exemplo, são tomadas em instâncias diferentes. A educação básica compete ao Município, e o ensino superior e técnico, ao Estado e à Federação.
Assim, uma decisão de desenvolvimento local depende de articulação em várias instâncias. Essas características serviram de referência para determinar os requisitos mínimos para uma cidade adotar esse modelo de ambiente.
Ademais, o adensamento da base científica e tecnológica passou a ser encarado como pré-requisito excludente para o desenvolvimento desses ambientes. Uma análise mais aprofundada e sistêmica (trabalhada na minha tese de doutorado) demonstra que em localidades com grande poder econômico, como Guarulhos, os parques tecnológicos devem ser âncoras do Sistema de Inovação, permitindo a interação com a Indústria local e tornando-os atrativos para a requalificação da base técnica e científica.
Com a visão sistêmica, alinhamento entre as potencialidades vocacionais e as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação será natural. A formação de profissionais e os resultados acadêmicos estarão prioritariamente relacionados com as demandas produtivas do Município.
O diagnóstico aprimorado das vocações do Município ganha relevância, incluindo a metodologia do coeficiente locacional (medida de concentração geográfica das atividades).
O último estudo da AGENDE aponta para a importância da logística, do complexo metal-mecânico e do complexo de química fina, com destaque para a indústria farmacêutica. Para um parque tecnológico, todavia, não é suficiente.
É preciso apontar para aspectos científicos que serão relevantes no futuro, tais como: o desenvolvimento de novos materiais, a tecnologia da informação e comunicação e o complexo de biotecnologia.