“Não existe quem faz uma boa gestão na empresa e tem um caos nas contas da própria casa”
Dr. Devanildo Damião
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Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT -
USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE
Nesta semana, foram apresentados os dados sobre inadimplência nos financiamentos e endividamento das pessoas. Os dados são alarmantes. Em primeiro lugar, cabe informar que o nível de poupança das pessoas no Brasil, historicamente, é baixo. O povo brasileiro gosta mesmo é de consumir.
Todavia, são recorrentes as abordagens e questionamentos sobre maneiras e formas de administração dos recursos. Algumas dicas são importantes. Discorrerei sobre elas:
1º Liquidez é importante, para ser menos técnico, vamos considerar a definição de liquidez como a condição de dispor do recurso rapidamente (automaticamente). Ter o dinheiro na mão ajuda na negociação e você consegue melhores condições. Quando você entra num financiamento longo, a sua liquidez fica comprometida para arcar com o saldo devedor. Poupar é o segredo, deve-se diminuir a ansiedade pelo consumo, fazer um planejamento e lembrar-se que os juros compõem o valor que se paga por não ter o dinheiro nas mãos.
2º Planejar as despesas e informar os entes diretos (separe despesas de custeio e investimento), o planejamento permite de antemão destacar aquilo que é necessário pagar todos os meses (aluguel, água, medicamentos, luz, alimentos, gás, combustível, lazer), não adianta fugir, pois não dá para fugir delas e elas correspondem, geralmente, por mais de 50% dos ganhos. Também existem os gastos sazonais que irão demandar os gastos (aniversários, datas comemorativas, materiais escolares, impostos), a melhor maneira é dedicar uma pequena reserva para pagamento.
3º Limitar os investimentos – Um número mágico é 30%, não ultrapasse esse valor da receita líquida (aquilo que você ganha no mês). Muitas pessoas estão devolvendo os carros que adquiriram, pois comprometeram mais de 50% somente com o pagamento das prestações e esqueceram-se dos impostos, da gasolina, da manutenção. Verifique, também, se o investimento novo substitui alguma despesa fixa, por exemplo, uma casa própria, evita o pagamento do aluguel e talvez o condomínio.
4º Seja parcimonioso para comprar e rápido para poupar, faça a poupança de forma automática, e busque ser bastante analítico para o consumo, faça listas, estude preços e saiba utilizar o cartão de crédito. Também, seja analítico para comprar. Levar crianças para as compras aumenta, no mínimo, 20% os gastos totais (lembre-se que elas não têm ideia de como é difícil ganhar dinheiro).
5º Gerir os recursos é fundamental; ou você faz a gestão ou outros irão fazer por você. A gestão deve ser encarada como algo comportamental. Nas minhas aulas sempre digo que não existe bom administrador com nome sujo; não existe quem faz uma boa gestão na empresa e tem um caos nas contas da própria casa. Logicamente, essas dicas devem ser trazidas para a realidade de cada indivíduo. Cada pessoa tem estruturas de receitas e despesas diferentes, mas pode-se afirmar, com segurança, quem seguir esses princípios irá ter uma boa estabilidade financeira.