Dr. Devanildo Damião • Mestre e Doutor em
Gestão Tecnológica - USP • Pesquisador do Núcleo PGT -
USP • Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq
Tecnológico da AGENDE Aceleração da curva de aprendizagem é a chave
A transição da economia industrial para a economia do conhecimento alterou de forma significativa postulados, modelos e a maneira de observar e analisar as coisas. Um dos mais complexos está relacionado aos diferentes papeis das organizações no que tange ao processo de criação, apropriação, indução e aplicação do conhecimento. Os modelos ternários tradicionais envolvem o poder público, a academia e as empresas, e são de natureza estática. Eles consideraram por longo tempo que o processo de criação e aplicação de novos conhecimentos era de responsabilidade da academia, e só em estágios mais avançados eles seriam disponibilizados para a apropriação produtiva. A dinâmica da sociedade atual, altamente demandante de processos inovativos, induziu a necessidade de uma abordagem mais dinâmica, nos quais os papéis seriam mais flexíveis e alternados. Essa abordagem pressupõe que os conhecimentos podem ser desenvolvidos na indústria e alimentar novos projetos de pesquisa nas universidades. Considerando esta nova dinâmica, as universidades deveriam buscar a aproximação com os vetores econômicos, possibilitando diminuir o tempo e a qualidade das demandas da economia real. Dentro desta perspectiva, os parques tecnológicos são instrumentos vitais para este processo, pois permitem um fluxo contínuo de oferta e demanda de novos conhecimentos e, por consequência, a aceleração da curva de aprendizagem. Na recente viagem técnica à Califórnia, nos EUA, presenciei o dinamismo da forma como o meio acadêmico assimilou a necessidade de interação com o meio produtivo. As universidades, tanto públicas como privadas, desenvolvem mão de obra, estruturas e modelos para propiciar facilidades na articulação com o meio produtivo, inclusive com disponibilização de áreas. O governo induz o processo com a disponibilização de recursos para a pesquisa e infraestrutura para laboratórios. E os centros de pesquisa e as empresas, por sua vez, buscam inovações, absorção de mão de obra e crescimento econômico. A Universidade de Stanford, com o Parque de Pesquisa (Tecnológico), estimulou o desenvolvimento econômico da região de São Francisco e abriu oportunidades para os seus alunos, que foram absorvidos por empresas importantes e manifestaram as competências obtidas na academia. A Universidade da Califórnia, em San Diego, também atua de forma agressiva na perspectiva de aproximar-se e relacionar-se com as empresas. O empreendedorismo inovador é bastante incentivado, e são oferecidas condições diferenciadas aos empreendedores. Existe uma estrutura sistematizada de inovação, que inicia-se na própria universidade e expande-se para a região. O Brasil precisa de políticas públicas eficazes para organizar estes fatores, complementando as boas iniciativas já existentes. O município de Guarulhos, com atuação local, precisa estimular e organizar o seu sistema de inovação. O primeiro passo é aprovar a sua Lei de Inovação.