Por Devanildo Damião
"Ofertam produtos falsos aproveitando-se do pouco controle"
A relação entre Educação e tecnologia apesar de parecer bastante trivial e confortável numa primeira análise, demanda esforços significativos para ser efetiva na geração de conhecimentos. No esforço para melhor analisá-la no âmbito desse artigo, cabe a visão de que a tecnologia está sendo entendida num sentido estrito, como produto de informação e comunicação, ou seja, resultado consolidado de processos para aplicação.
Nessa perspectiva, para aprofundar essa discussão cabe enfatizar que o conhecimento, que é o objetivo finalístico dessa relação é pessoal e dependente de reflexão, ou seja, para conhecer algo é preciso concentração nos conteúdos, mobilização de neurônios, visto que o conhecimento não se posiciona de forma involuntária.
Esse aspecto fundamenta a visão de que a tecnologia na perspectiva educacional não é um fim em si mesmo, porém, um elemento auxiliar no processo, sendo acessória e importante, mas não autônoma.
Na vertente da evolução das tecnologias, algumas características são dominantes, tais como a de privilegiar sistemas digitais, permitindo ampliar o alcance de utilização; de buscar estabelecer plataformas virtuais para os usuários; buscar a interatividade com mobilidade e não se esquecer de modais assíncronos.
Esses avanços são objetivados em vários sistemas e instrumentos de Tecnologias de Informação e comunicação - TIC, os quais tendem a otimizar a transmissão de informações. Esse cenário induz à noção falsa de que o acesso à informação garante o alcance do conhecimento. Algo parecido como a ideia de que comprar um livro é o suficiente para dominar determinado assunto, mesmo sem fazer a leitura.
Algumas instituições de ensino aproveitam essa “falha estrutural de entendimento” dos usuários para aumentar as suas margens de rentabilidade, distorcendo o contexto de ensino-aprendizagem. Portanto, aproveitam-se para comercializar informação como conhecimento, explorando ganhos de escala nos canais transmissores de informação em detrimento dos investimentos necessários na qualificação dos agentes emissores.
Ofertam produtos falsos aproveitando-se de pouco controle dos órgãos de fiscalização e controle, emergindo atualmente em alguns cursos a condição de destinar em torno de 20% para atividades extracurriculares, transformadas em “emblomation a distância”.
Todavia, um ensino sem ambiente propício, com alunos e professores, individualizados e carentes de socialização é ideal para proliferar a confusão entre informação (passível de ser colocado em mídia), e o conhecimento tácito que depende da intervenção pessoal, sendo denso e de difícil absolvição.Cabe citar o pesquisador educacional José Manuel Moran, o qual afirma que educadores marcantes atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal, pois transmitem bondade e competência, nos planos pessoal, familiar e social. Para finalizar, ressalva de que as tecnologias são necessárias para potencializar dinâmica do processo ensino-aprendizagem, mas não atuar de forma irresponsável para benefício de mercadores de produtos falsos.