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Considerações sobre a ‘Revista Análise Guarulhos’

“A indústria atual necessita de inovação e de vantagens competitivas”


Dr. Devanildo Damião

• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE


A grande repercussão causada pela última edição da “Revista Análise Guarulhos”, lançada na primeira semana da fevereiro, suscita alguns comentários pontuais.

O primeiro aspecto refere-se à clara intenção dos autores da revista de oferecer um panorama propositivo dos principais segmentos da indústria da cidade. O objetivo, alcançado com êxito, foi oferecer um recorte qualificado das tendências de segmentos importantes e, sobretudo, evidenciar com base em dados objetivos a importância e impacto da indústria em outros segmentos econômicos.

Quanto ao poder público local, a análise pode se desdobrar em duas perspectivas. A primeira relaciona-se ao alinhamento existente entre o poder público e a visão da AGENDE, considerando os projetos do Parque Tecnológico, da Incubadora de Empresas e da Lei de Inovação. Essas iniciativas estão em andamento e são operadas e apoiadas pelo prefeito Sebastião Almeida.

O tópico complementar é propositivo e conflui para indicar ações para incrementar as relações do poder público com as empresas na nova sociedade do conhecimento. Para tal, considera a  conformação de uma Sistema de Inovação Local, preceituando o adensamento das cadeias produtivas na cidade. Invoca o aproveitamento das vantagens competitivas existentes, como as logísticas, e defende novas vantagens, como os ambientes de inovação, a qualificação de pessoas, os incentivos seletivos e a articulação entre academia e empresas.

Adiante, foram destacadas algumas premissas do trabalho, como os aspectos macroeconômicos e as mudanças tecnológicas, com o seu consequente impacto nas relações de trabalho e competição econômica. Fica claro que a indústria, no mundo, passa por grandes transformações, sobretudo pela competitividade demonstrada pelos países do eixo oriental.

No Brasil, por exemplo, ocorre a redução contínua do peso da atividade industrial na economia brasileira - de 36% do PIB, em 1985, para 14%, em 2012. Apesar do fato de que a produtividade da mão de obra, estagnada no País, colocar-se como um indicador negativo na avaliação, ela é ponderada pelas análises macroeconômicas, que demonstram que as últimas decisões monetárias,  cambiais, tributárias e fiscais convergem para a melhoria do cenário industrial, e devem ser  apropriadas pelos empresários.

Outro viés abordado, o tecnológico, conflui para a visão de que a indústria atual necessita de inovações e as empresas inovativas buscam vantagens competitivas dinâmicas para decisões de investimentos. Essas vantagens envolvem o adensamento da base científica e tecnológica da cidade, com a formação de profissionais especializados e o desenvolvimento de um arcabouço regulatório propício e alinhado aos padrões mundiais de excelência.

Esse processo não é exclusivamente local, mas precisa ser induzido. Como referência, pode ser citado o projeto do presidente Barack Obama de revitalizar a indústria de manufatura com a criação de Centros de Inovação.




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