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Como definir as empresas realmente inovadoras?

Dr. Devanildo Damião
• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE


"As pesquisas disponíveis ainda não medem as inovações nas microempresas".

Há uma discussão clássica sobre a melhor maneira de medir a inovação nas empresas. A resposta é: todos os instrumentos são importantes, mas nenhum completo.

Uma das mais comuns nos manuais acadêmicos utiliza o esforço inovativo como referência; em outras palavras, o recurso financeiro e econômico empregado.

Por exemplo, uma organização que contrata profissionais especializados para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mantém laboratórios, compra equipamentos sem similar nacional e/ou mantém uma estrutura com esta finalidade e habita um ambiente de inovação (parque tecnológico ou incubadora de empresas tecnológica) é considerada inovativa.

Destaca-se que o esforço inovativo não garante produtos e processos inovativos, dada a incerteza inerente à inovação. Todavia, na prática, as organizações que investem maiores recursos são aquelas que vão obter melhores resultados. Corrobora para isto a premissa de que a inovação não é espontânea, mas sobretudo derivada de um complexo processo de gestão que envolve: ambientes adequados, profissionais capacitados, serviços técnicos especializados e cultura favorável, afora os recursos financeiros.

Outra maneira é fazer sondagens de opinião com o empresariado e verificar  a sua propensão a desenvolver atividades inovativas. Esse quadro fornece um panorama das expectativas e leitura do cenário.

A mesma pesquisa busca informações sobre resultados efetivos realizados, ou seja quanto que a empresa inovou em produtos, processos e gastou em P&D.

No Brasil, a pesquisa mais completa é a Pintec (Pesquisa de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE, que segue os padrões metodológicos internacionais. Como ponto negativo, está o fato de que os resultados apresentam atraso em torno de dois anos.

Para melhorar este quadro, a ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, produz a Sondagem de Inovação, informativo trimestral que traz o panorama das atividade inovativas com maior atualização. Mas só com grandes empresas na amostra.

O último número, sobre o terceiro trimestre de 2012, traz informações relevantes, destacando os fatores que favorecem as empresas a inovar: 1- pressões adicionais de custo (66,9%); 2- exigências dos clientes (68,5%); 3- busca por maior participação no mercado (66,5%).

Outro dado relevante é a trajetória declinante das empresas propensas a inovar. No terceiro trimestre de 2012, somente 52,4% declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, no produto ou processo.

O percentual é ligeiramente inferior ao do trimestre anterior (55,7%).

Logicamente, fica evidente a fragilidade destes instrumentos, pois não medem as inovações nas micro e pequenas empresas num recorte geográfico. Essa deficiência deve ser suprida por pesquisas locais.




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