• Mestre e Doutor em Gestão
Tecnológica - USP • Pesquisador do Núcleo PGT - USP • Coordenador do
Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE
"Temos uma das maiores jazidas, mas ainda não sabemos como aproveitá-la".
Na verdade, poucas pessoas o conhecem, mas isso não diminui a importância deste metal cinza brilhante, que muda de cor, tornando-se azulado em temperatura ambiente, quando em contato com o ar.
Para obtê-lo, se faz a redução com alumínio, e sua separação somente é possível com a utilização de solventes orgânicos, como a metilisobutilcetona.
O seu principal valor advém da condição ímpar de melhorar a qualidade do aço e de outros metais, além da sua alta temperatura de fusão.
As aplicações são variadas, sendo usado nas indústrias aeronáutica, aeroespacial e nuclear e em outros setores de tecnologia avançada.
Para exemplificar, o metal é usado em um décimo de toda a produção de aço mundial, em automóveis, oleodutos e turbinas de avião.
Mostrando que é essencial torná-lo objeto de pesquisas avançadas, recentemente, no contexto da indústria do pré-sal, o professor Luiz Roberto Martins de Miranda, da Coppe-UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), descobriu ser o óxido de nióbio um poderoso agente anticorrosivo, capaz de suportar a ação de ácidos extremamente agressivos, como os naftênicos, muito comuns no dia a dia da indústria de petróleo, que trabalha sempre em condições adversas.
Felizmente, o Brasil concentra grande parte das jazidas no mundo, sendo que uma familia famosa, a Moreira Salles, tem ampla participação neste mercado.
Todavia, para o País, essa condição de abrigar jazidas de um dos minérios mais valiosos do planeta ainda não resultou em ganhos econômicos compatíveis.
Na realidade, nos apresentamos ao mundo como colônia, meramente como fornecedor do material bruto e ainda não se percebe a preocupação com a transferência de tecnologia por parte das nações ricas e importadoras.
A grande questão para o País é se desenvolver tecnologicamente com base nas condições excepcionais deste material. As opções são múltiplas.
Tecnicamente, o nióbio apresenta altíssima temperatura de fusão (2.468 °C), que o torna atraente para a indústria na produção de materiais estruturais sólidos.
Por exemplo, na construção de turbinas de termelétricas e em sistemas de propulsão da indústria aeronáutica e aeroespacial, e em mais uma série de outras utilizações altamente complexas.
Observa-se claramente a condição para que este material seja estudado profundamente e torne-se uma plataforma para o desenvolvimento tecnológico.
O seu potencial de trazer vantagens competitivas em segmentos de alta escala permite ao País atuar em segmentos de alta intensidade tecnológica.
De forma rápida, torna-se vital a formação e multiplicação de recursos humanos qualificados que possam aplicar conhecimentos na indústria e gerar inovações.