Apesar de se encontrar apenas na fase de projeto, o Parque Tecnológico de Guarulhos já está contribuindo para o progresso econômico da cidade. Prova disso é a assinatura de um acordo de cooperação técnica, firmado ontem na Prefeitura, entre o Parque Tecnológico da Andalucía (Espanha) e a Agende (Agência de Desenvolvimento e Inovação de Guarulhos), entidade encarregada de criar uma instituição dessa natureza no município. Como reconheceu o prefeito Sebastião Almeida, presente ao evento, “algumas coisas no Brasil demoram muito para acontecer, devido à burocracia. O lado bom é que esse prazo dilatado acaba permitindo que se faça com mais qualidade, inclusive absorvendo experiências alheias.” Trata-se de referência ao processo de transferência de terreno da Dersa para o município, que se arrasta há anos, onde será instalado o Parque Tecnológico de Guarulhos.
O intercâmbio entre a Agende e o Parque Andalucía visa compartilhar experiências em gestão de parques tecnológicos, centros de excelência focados em inovação. Segundo Roberto Marchiori, secretário-geral da Agende, o acordo irá fomentar parcerias entre as empresas de ambos os países e agregar novas experiências. “Isso está começando desde já, independente da construção do parque guarulhense. Com o auxílio das entidades empresariais da cidade, vamos procurar empresas daqui interessadas em formar parcerias na Espanha.”
Da direita para esquerda: Antonio R. MArchiori (diretor da ASEC e secretário geral da AGENDE), Aarão Rubens (presidente da ASEC e diretor da AGENDE), Daniele Pestelli (presidente da AGENDE) e Jorge Taiar (presidente da ACE e Vice-Presidente da AGENDE).
Marchiori citou o modelo do acordo entre Guarulhos e a cidade argentina de Avellaneda, que deve ser adotado também em relação à Espanha. “Já existem duas empresas guarulhenses na Argentina e duas daquele país operando aqui. Essa fórmula deve ser imitada com a Andalucía depois desse acordo.” Participaram do evento na Prefeitura Felipe Romera, diretor do Parque Tecnológico de Andalucía, o presidente da Agende, Daniele Pestelli, o chefe de gabinete da Prefeitura, Rafael Paredes, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Antonio Carlos de Almeida, o presidente da ACE, Jorge Taiar, e o presidente da Asec, Aarão Rubens.
Espanhóis explicam o poder da inovação
Se a Espanha está no epicentro do furacão econômico que varre a Europa, o Parque Tecnológico da Andalucía corre na contramão, absorvendo cada vez mais mão de obra e gerando 7% da riqueza produzida na província espanhola de Málaga. Com cerca de 550 empresas ligadas de forma direta ou indireta à instituição, o parque paga os melhores salários e também acaba gerando quase 10% dos empregos nessa região meridional espanhola com 1,7 milhão de habitantes. “Trabalham diretamente no parque cerca de 15 mil pessoas, mais de 50% com títulos universitários. Algo similar pode vir a ocorrer aqui em Guarulhos, que deveria aproveitar o boom econômico vivido pelo Brasil”, disse o diretor-geral do parque, Felipe Romera.
Fazendo menção à crise na Espanha, Romera admitiu que o parque também sente os efeitos da queda da atividade econômica, mas de forma menos aguda. “Poderíamos crescer mais. Mas estamos crescendo assim mesmo, apesar da crise”. A explicação do fenômeno para o dirigente espanhol é simples: as empresas ligadas à inovação suportam melhor a crise que as empresas tradicionais. “Vivemos uma mudança no modelo produtivo. O modelo do conhecimento é muito mais sustentável que os demais. Isso aliado à necessária internacionalização da economia. Daí o motivo de nossa presença aqui.”
No parque da Andalucía a área de TI (Tecnologia da Informação) representa metade das empresas participantes, seguida da saúde e biotecnologia.