Após cinco anos à frente da presidência da Agende, me considero uma das pessoas que melhor a conhece. Seu espírito de guardiã do diálogo e da busca da cooperação e do consenso é o que de tudo mais me agrada. Tanto quanto me agrada saber que compreendi nesses anos que seu papel – que não é segredo algum, pois está manifesto na declaração de sua missão – é bastante diferente do papel das demais organizações que a compõe como associados, inclusive a que representei neste período, o Ciesp.
A Agende foi criada em 1999 a partir do conceito de Agências de Desenvolvimento Local, que se disseminou pelo mundo a partir dos anos 90. Seu pressuposto é de que a promoção do Desenvolvimento pode e deve ser articulada a partir dos municípios através da convergência e cooperação entre o poder público, as empresas e a sociedade civil. É um grande avanço em relação tanto às visões estatizantes de que cabe ao governo promover o desenvolvimento, quanto às visões que a economia evolui exclusivamente pela ação do “mercado”.
Sua grande tarefa não é a de defender um segmento econômico da sociedade, de buscar vantagens estratégicas para uma categoria de empresários ou trabalhadores, nem mesmo de fiscalizar as ações governamentais no dia a dia. Para este papel há os sindicatos, as associações de classe e os partidos políticos. Entendi que para ser um bom dirigente desta entidade, ao entrar pela porta de sua sede eu precisava me despir da não menos nobre missão que me exigia o papel sindical ou corporativo e substituí-lo pela articulação entre agentes diferenciados – e por vezes em conflito – e do olhar do futuro e da cidade como elemento de desenvolvimento de um país.
O ideário da Agende veio se construindo nesses treze anos de forma consistente e progressiva. Buscar a harmonia com os três níveis de governo, sem nunca ter assumido nenhum alinhamento partidário. Construir uma sólida base financeira e uma equipe profissional competente. Transformar ideias em projetos realizados em parceria com outras entidades e o poder público, como a Escola Técnica Federal (hoje IFSP); o banco de dados que foi base para o “Análise Guarulhos”; a Incubadora que se transformou em Incubadora Tecnológica de referência nacional; e agora o Parque Tecnológico Guarulhos se tornando realidade. Procurei seguir na linha dos presidentes que me antecederam - Wilson Arambul, Luis Mesquita e Celso Masson - todos líderes expressivos de suas entidades e empresários conceituados e independentes. Agora no final de meu segundo mandato à frente da Agende tenho a convicção de que continuei a construir uma entidade ética, forte e respeitada. Cabe a mim agora a responsabilidade de conduzir a sucessão da Agende de modo a garantir o avanço dessa história de sucesso, o que venho fazendo de forma criteriosa e abrangente e dentro da essência da Agende, que é a busca do consenso. Este trabalho, que se caracteriza por ser bastante desgastante e prolongado, tenho feito conversando com todos os atores representados neste cenário. Meu objetivo é identificar e apoiar a ascensão de um nome que possa dar continuidade a esta história de sucesso, persistindo firmemente na condução do cumprimento da missão.