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Indústria brasileira: evolução e desafios



Dr. Devanildo Damião

• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE

“Preço em queda dos produtos primários impõe uma indútria mais competitiva”

O Brasil é um país privilegiado e qualquer análise deve ser precedida da observação dos seus fatores característicos, como dimensões continentais, solo rico, clima ameno e abundância de recursos naturais. Esse conjunto de elementos é uma vantagem competitiva estável e insubstituível.

Não é difícil supor que proporcionam benefícios econômicos, sobretudo nas atividades mais primárias e menos intensiva em conhecimento, que consistem em extrair e comercializar elementos extraídos da natureza.

Esse preâmbulo é importante para seguir na análise do impacto da evolução chinesa no nosso País. A China se consolidou como grande potência mundial na adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001.

Assumiu o papel de provedora de bens manufaturados, com o modelo de incentivo à exportação,  alicerçado no uso intensivo de mão de obra barata e depreciação cambial.

A China em 2000 participava com menos de 5%, sendo que nos 10 anos posteriores atingiu 15% das exportações globais. Para conseguir novos mercados, a estratégia chinesa baseou-se em economia de escala, com a consequente redução de custos na produção e preços nos produtos.

As políticas macroeconômicas em outros países não ficaram indiferentes. Por exemplo, tiveram um reforço para ajudar a controlar a inflação, com a queda de preços de produtos manufaturados. O crescimento do parque industrial chinês demandou melhorias na sua infraestrutura, bastante precária, e o Brasil consolidou-se como grande fornecedor de produtos primários.

Observa-se que as exportações brasileiras saltaram de um patamar de US$ 55 bilhões em 2000 para US$ 256 bilhões em 2011, enquanto as importações pularam de US$ 56 bilhões para US$ 226 bilhões. O saldo deficitário de US$ 700 milhões em 2000 alcançou superávit de US$ 30 bilhões em 2011.

Uma análise mais acurada apontará que o saldo das exportações concentra-se em atividades primárias, como agropecuária, e intensivas em recursos naturais, como mineração.

Já o aumento de importações ocorreu em produtos de manufaturas intensivas em escala e atividades de engenharia e tecnologia.

Esse cenário teve impactos dispersos. De forma positiva, trazendo recursos financeiros, por meio das exportações, sobretudo da indústria extrativa. Com viés negativo, com a inundação de produtos manufaturados, competindo com base em fatores artificiais (depreciação cambial), prejudicando a indústria de transformação.

Esse efeitos antagônicos são o grande desafio do governo. O preço dos produtos primários está diminuindo, emergindo a visão de tornar a nossa indústria de transformação mais competitiva. Para tal, são necessárias ações efetivas para aumentar a sua competitividade, selecionando e impulsionando elos estratégicos da cadeia produtiva. Como pano de fundo, e elemento a ser perseguido sempre, a inovação tecnológica.





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