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Déficit tecnológico



Dr. Devanildo Damião
• Mestre e Doutor em Gestão Tecnológica - USP
• Pesquisador do Núcleo PGT - USP
• Coordenador do Núcleo Acadêmico e do Núcleo do Pq Tecnológico da AGENDE

O déficit tecnológico do Brasil em 2012 foi de mais de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões). Para se ter uma idéia da intensidade dos valores, são cinco vezes a soma anual das riquezas de Guarulhos.

Os elementos que compõem esse déficit envolvem os saldos comerciais, importação versus exportações de bens e serviços em seguimentos de alta e média alta intensidade tecnológica. Para exemplificar: a dos bens de alta intensidade tecnológica envolvem segmentos como aeroespacial e aeronáutico; farmacêutico; informática; equipamentos de rádio, TV e comunicação.

Já os serviços tecnológicos contemplam atividades como aluguel de equipamentos, royalties, licenças, computação e informação. Os serviços encerraram o ano de 2012 com déficit de US$ 25,7 bilhões (R$ 51,4 bilhões), em comparação com 2011, o que representa aumento de 11% no saldo negativo.

Os serviços tecnológicos são a cereja do bolo do comércio internacional, pois, na sua maioria, apresentam pequenos custos logísticos e alta capacidade de aumento de renda, quando comparados, por exemplo, com a comercialização de commodities (produtos sem diferenciação).

Os Estados Unidos e a China, principais parceiros comerciais do Brasil, também são os principais exportadores destes bens e serviços avançados para o Brasil. A China foi responsável por 17,4%, e os Estados Unidos, por 16,4% do total de R$ 268,6 bilhões importados pelo Brasil.

Os países da América do Sul foram o principal destino dos produtos e serviços neste segmentos, representando 44,2 % do total das exportações totais do grupo tecnológico, somando US$ 23 bilhões (R$ 46 bi). Claramente, confirma-se a tese de que os países mais desenvolvidos não têm o Brasil como fornecedor de bens e serviços, avançados tecnologicamente.

Para se ter uma medida mais absoluta da representatividade de bens de base tecnológica nos resultados da balança comercial, quando se observa somente as importações o percentual é de 60,2%, ante  20,9% nas exportações.

Uma visão mais crítica pondera que a maior parte daquilo que exportamos para os países mais avançados retornam para nós, como bens e serviços mais avançados. Para reverter esse quadro, o caminho é investir no conhecimento, com ambientes adequados, formação qualificada e incentivos atraentes.

Os resultados são importantes e instigadores de reflexões analíticas, considerando que as atividades que envolvem alta intensidade tecnológica são aquelas que utilizam como maior insumo de produção, o conhecimento.

Esses produtos e serviços mobilizam profissionais capacitados, atividades de característica sustentável e com valor agregado maior.





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