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“Guarulhos tem condição privilegiada”, disse Dr. Devanido sobre a instalação do Parque Tecnológico

Folha Metropolitana
Chico Junior
- Aos 41 anos, Devanildo Damião respira inovação e parque tecnológico, ambos assuntos de sua palestra em evento sobre o tema realizado em Guarulhos na sexta-feira (30/09). Mestre e doutor cm Gestão Tecnológica pela USP, ele acredita que município e munícipes terão vantagens com a instalação de um equipamento na cidade. Um dos benefícios apontados pelo pesquisador é o surgimento de centros acadêmicos de grandes universidades.

A possibilidade de Guarulhos como ambiente de inovação foi objeto de estudo de Damião. “Eu tinha a missão de articular a base de tecnologia daqui". Ele começou a trabalhar com o tema primeiro na USP, depois passou por Sorocaba até rumar para Guarulhos. Desde 2007, Damião coordena o Núcleo Acadêmico do Parque Tecnológico da Agência de Desenvolvimento e Inovação de Guarulhos (AGENDE).

Bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ele está ligado às empresas instaladas na Incubadora Guarulhos, gerida pela agência. Abaixo seguem trechos da conversa que Damião teve com a Folha Metropolitana.

Folha Metropolitana - Qual a importância de um parque tecnológico na cidade?
Devanildo Damião - A concepção do projeto em Guarulhos é muito boa. É um instrumento do sistema de inovação que vai trazer benefícios para a população. Com o equipamento você traz a academia para cá. Acho que todo pai é simpatizante de trazer uma oportunidade para seu filho. Outro conceito é que tudo que vai estar no entorno externo vai ser beneficiado. Vão fazer pouco uso de serviços públicos e vão gastar dinheiro aqui na cidade.

FM - 0 Brasil já possui diversos parques de grande porte. Quais os diferenciais para Guarulhos?
Damião - Guarulhos tem uma condição logística altamente privilegiada. Isso é uma vantagem que nenhuma outra cidade consegue copiar. Ela tem um aeroporto que vai ser o maior do Hemisfério Sul em pouco tempo. A biotecnologia, por exemplo, é altamente dependente de logística rápida. Você tem logística rápida com um aeroporto.

FM - Porém o perfil da indústria guarulhense não é ligado à tecnologia.
Damião - A base da indústria de Guarulhos, principalmente de metal mecânica, tende a se tornar obsoleta. Hoje se tem alguns conceitos “sistemistas", que em vez de desenvolver uma técnica, desenvolve todo um sistema. Isso só se faz com inovação. E o principal insumo da inovação é o conhecimento.

FM - A Folha Metropolitana publicou reportagem apontando a deficiência acadêmica no município. Isso dificulta a inovação e o próprio futuro do parque?
Damião - Em Guarulhos, existem dois eixos que são estruturantes. Um deles está ligado à qualificação. É preciso melhorar a base científica e tecnologia com equipamentos públicos, instituto de pesquisas. Não adianta ficar criticando o que não tem. O que tem é importante. Guarulhos possui praticamente só instituições privadas, e tem que melhorar as condições das privadas também. O parque tecnológico será um atrativo à academia.

FM - Mas isso cria um pro-cesso inverso, sem condições de qualificar pessoas no curto prazo.
Damião - O cenário ideal é ter uma vocação entre a formação científica e o processo de inovação. Em Guarulhos não ocorre isso. Você tem grandes empresas farmacêuticas e não tem um curso na área. Essa lacuna é que dá para ser explorada. Para a academia vir para cá você tem que ter algum atrativo. Hoje não tem.

FM - A proposta do fórum é uma contribuição para o debate desses temas?
Damião - O ponto favorável é que ele está trazendo essa discussão para a cidade. E o primeiro evento que a AGENDE não precisou conduzir diretamente. Isso é sinal de amadurecimento. Conhecer outras realidades ajuda nesse amadurecimento.

FM - Diante dessas outras experiências, não receia que a AGENDE seja excluída do processo de candidata à gestão do parque?
Damião - A gente preparou a documentação e tem toda a condição técnica. Eu vejo tecnicamente, e a
AGENDE tem toda a condição técnica para isso. O parque tecnológico representa uma vitória da sociedade civil. A AGENDE é uma associação e representa a sociedade civil ar-ticulada. Logicamente quando se fala de figura jurídica você tem algumas possibilidades. Essa não é a questão. O relevante é ter uma entidade idônea, que tenha competência técnica. Não adianta dizer que há modelos diferentes de parque, isso logicamente tem.

FM - 0 senhor visitou diversos parques no País e no Exterior. De qual mais gostou?
Damião - No País, as quatro experiências mais consolidadas são dos parques de São José dos Campos, de Recife, de Porto Alegre e de Santa Catarina. Todos já tem uma rodagem. Um que está muito forte é o do Rio de Janeiro. Tem experiências internacionais importantes, como o de Portugal, que estruturou todo um sistema em volta dele. Tem o de Andaluzia, na Espanha, que também estruturou uma riqueza em volta do parque tecnológico.

FM - 0 parque em Guarulhos ainda está distante. A burocracia atrapalha a inovação?
Damião - O poder público naturamente precisa ter mais acuidade com os recursos, que são da população. Só isso justifica a morosidade. O que ocorre é quando você trabalha com atividades inovativas você tem que ser dinâmico. Tudo que o ente público vai comprar precisa seguir a lei de licitações. A inovação tem que ser mais rápida. O maior atraso aqui foi questão da definição da área. O que a
AGENDE fez foi avançar muito na área de documentação, o que agilizou muito.

FM - A incubadora é um passo importante para o desenvolvimento do parque?
Damião - A Incubadora Guarulhos é o grande projeto da
AGENDE. Ela vem desde 1999, e nasceu com a perspectiva de gerar desenvolvimento econômico para a cidade. Esse conceito naquela época era bem diferente do que é agora. A incubadora não era de base tecnológica. A partir de 2011 tornou-se a AGENDE e incorporou a proposta de inovação, isso a levou a atuar com o conceito de incubadora tecnológica e de parque tecnológico. Hoje não dá para ter desenvolvimento econômico sem essa inovação tecnológica. Agora a incubadora tem hoje 28 empresas. Lá tem empresas de alta tecnologia, como uma que desenvolve DNA sintético, algo que está na fronteira do conhecimento.



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